terça-feira, 4 de maio de 2010

Mãe, sinônimo de renúncia

Todo mundo sempre me dizia que eu achava que ser mãe era maravilhoso, mas que na verdade, era muito mais que isso, que só quando eu tivesse meu bebê nos braços eu saberia o que é ser mãe, e eu sempre pensava... que exagero... ser mãe é ser mãe, ué! Ficava brava quando via minha mãe, minhas amigas, abrindo mão de coisas por causa de filhos, deixavam de viajar, ou sair, por causa de manha de criança, porque não queriam deixar e etc... E eu pensava, quando eu for mãe não vou me anular dessa forma, porque os filhos crescem e a vida passa, não vou me render a manha de criança malcriada, manhosa... Aham... então tá então... E graças à Deus a gente não é adolescente a vida toda (tá alguns são, é verdade...) e eu cresci, casei e veio o Leo, só então pude perceber que naquele momento que eu o tive nos meus braços pela primeira vez, com aquela cara enrugadinha e a testa franzida igualzinha a do pai dele, tentando desesperadamente fazer com que o leite descesse... naquele momento eu tive a proporção exata do que é ser mãe... exatamente como tantas vezes eu tinha ouvido e achava um tremendo exagero. 
 

E mãe é isso mesmo, não exatamente anulação, mas renúncia em tempo integral, é renunciar à si mesma, deixar as coisas que você gostava de fazer e hábitos antigos porque não são mais compatíveis com a sua função de mãe, é pensar antes no bem-estar deles e depois no nosso, comer em horários alternativos, comida morna, comida fria... é namorar também em horários alternativos e de formas não convencionais (aliás o que é muito bom, a gente meio que volta a ser adolescente), sem nem pensar duas vezes você deixa de comprar coisas prá você, só porque você quer comprar uma outra coisinha prá eles, e eles... eles são sempre prioridade. Há que se ter cuidado, priorizar demais também estraga, aqui eu me policio o tempo todo e por muitas vezes com o coração apertado digo NÃO e enfrento aquela carinha de "cachorro que caiu da mudança"  quando na verdade eu poderia dizer sim, mas é um equilíbrio necessário, crianças precisam de limites (até adultos precisam, imaginem crianças).  

E essa semana foi prá mim uma semana de renúncias...  avisei a Toke e Crie que não vou à Mega Artesanal, porque não quero me expor diante de tantas pessoas, com essa onda de gripes, viroses e doenças respiratórias, estaremos às portas do inverno; além de não aceitar o convite de um novo e lindo atelier prá dar aulas de scrap, eu suspendi praticamente todas as minhas aulas fixas, mantive só mesmo a sexta, porque minhas alunas me pediram, pelo mesmo motivo do risco, do inverno que chega, sinto que quero estar mais quieta em casa, cuidando das coisas da Mariana, dos quartos deles que quero mudar e também porque ando muito instável e não sei trabalhar não dando o meu melhor, senti que realmente preciso de um tempo, senti que é hora de parar. 


Uma leitora do blog do Quarteto das Artes viu meu trabalho de reciclagem das galinhas de cabaça e dos vasos de Tetra Pack, ficou encantada, entrou em contato com a Paula e nos propôs prá irmos prá Tubarão-SC, tudo pago... hotel, alimentação e ônibus, prá que déssemos rodadas de oficinas de reciclagem para educadoras das escolas municipais e projetos sociais, além disso, montaria uma exposição prá venda dos nossos produtos no shopping da cidade. Fiquei feliz com mais esse reconhecimento, acho que já é nítido prá todo mundo o quanto eu amo o que eu faço e ensinar me faz sim muito bem, ainda mais nesse contexto. A viagem será de 07 a 09/05 e desde a semana passada eu deixei confirmado, tinha conversado com meu marido e ele de imediato me apoiou (como sempre), só ficamos com um pouco de receio porque 6h de viagem, com a dor nas costas que eu ando, seria bem desgastante prá mim, então ele até cogitou de nos levar e passar o final de semana conosco. Até aí tudo certo... se não fosse pelo bilhete da agenda do Leo de sexta, dizendo que sábado 08/05 terá apresentação do Dia das Mães, que eles vão cantar, gravaram um vídeo, fizeram presentinhos, que estão ansiosos, ensaiando há 40 dias... preciso contar o final? Pois é, a Paula vai sozinha, porque eu não trocaria esse dia (não sei se mais especial prá ele ou prá mim) por nada nesse mundo, prova de que a gente renuncia sim, e constantemente. 


Essa semana eu também precisei de mais silêncio, tem dias (às vezes semanas) que não são realmente fáceis, nessas horas de silêncio eu aproveito apenas prá pensar, e depois de muito conversar com meu coração, sei que tomei a decisão certa e que futuramente ela terá muito mais valor diante dos olhinhos de jabuticaba que me acordam toda manhã dizendo: mamãe, vamos tomar café? Já tem sol, eu já acordei! 


Sei que talvez futuramente ele nem lembre nada sobre o dia de sábado, porque tudo vai correr bem, porque vamos estar lá, mas se não fosse assim, eu sei que ele lembraria prá vida toda, uma lacuna que não se preenche e de mais a mais eu estava indo meio dividida mesmo, porque todo ano o almoço de dia das mães  e dos pais é aqui, sempre eu faço tudo, é um prazer prá mim cozinhar e recebê-los nessas ocasiões, minha mãe e minha sogra estavam meio decepcionadas por não ter a reunião de sempre (isso porque almoçaram aqui domingo) e família vale mais que qualquer coisa, trabalho, dinheiro, fama e etc... 
Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação diga ao povo que fico!

4 comentários:

Marcia Konkowski Decoupage disse...

Pois é amiga... isso é só o começo...vai se preparando...filhos são para sempre...graças a Deus!!!!
doces beijos...sempre...
Márcia

Lu Areias disse...

Olá Tays! Sei bem tudo isto que falou... de dizer que jamais renunciarei 'a nada, por filho", ah tá! rsrsrs, só adolescentes tem esta capacidade de achar tudo tão fácil.
Bom, tenho 3 filhos... sei bem o que o seu post esta dizendo. Fico feliz que entre uma e outra escolha, vc sempre encontrará felicidade, reconhecimento e o mais importante... tempo para curtir os filhos.
Beijos
Lu Areias

Tays Rocha disse...

Marcia, eu sempre digo prás minhas amigas que eu olho prá trás e penso... como era a vida antes do Leo? Era só isso? E eu achava que era feliz e completa... que me divertia, e minha vida na verdade era sei lá... incompleta. Cada dia que passo eu tenho mais certeza que a vocação de ser mãe, educadora, me pertence, porque amo estar com ele, cuidar da rotina e das coisinhas dele, participar da vida e dos pensamentos inocentes dele, não há explicação prá um amor tão grande, e sei que com a Mariana não será diferente ;o) Beijos e obrigada pela visita!

Tays Rocha disse...

Oi Lu! Falei de Mega e fiquei aqui meio triste... queria te ver de novo ;o( mas teremos muitas outras oportunidades, tenho certeza. Eu lembro das fotos que você colocou dos seus filhos, de um passeio à Disney, sua família é linda! Eu sinto assim também, às vezes vou ter que escolher entre uma coisa e outra, só quero ter sempre sabedoria prá discernir e saber escolher pelo caminho correto, acho que até agora deu certo, porque somos uma família feliz ;o)
Beijos querida e obrigada, fiquei feliz com a tua visita.